terça-feira, 16 de junho de 2009

Entrevista com Hugo Suarez

Hugo Suarez é ator, manipulador, mímico e fundador do Teatro Hugo & Inês, do Peru. Dirige e atua com Inês Pasic, desde 1986, quando iniciaram a parceria. Desde o início focaram suas atividades na área da pantomima, teatro gestual sem o uso de palavras, focando todas as possibilidades expressivas em cada parte do corpo humano: mãos, pés, joelhos, rosto e onde a criatividade alcançar. O resultado é facilmente visto em cena, com a apresentação de personagens surpreendentes como em "Cuentos Pequeños", que abriu o festival.





A Cia. atua desde 1986, como foi o início e de onde partiram as pesquisas?
Nós começamos experimentando com as figuras corporais, teatrais, na tentativa de retirar novos personagens de diferentes partes do corpo. Isso durou bastante tempo, em 1989 apresentamos o primeiro trabalho “Regresso a La Oscuridad”, realizado apenas com as mãos. Em seguida obtivemos a ideia de passar a atuar com outras partes do corpo, quando em 1990, estreamos “Las aventuras del Ginocchio”, que poderia ser traduzido como as aventuras do joelho.

Estes personagens continuam na ativa?
Muitos personagens ainda fazem parte até hoje, mas vão mudando com o tempo. O personagem que faço com a barriga, vem desde 1994, já o dos olhos na boca é apresentado desde 1996. O do joelho e dos pés nasceram entre 1989 e 1990.




Quanto tempo desde a descoberta até a inserção dos personagens nas apresentações?
São números soltos. Quando eles aparecem, como a dos olhos na boca, descoberto pela primeira vez em 1995, como um número atípico, vou buscando com o tempo o jeito de pegar os olhos, qual a história que melhor se encaixa, até porque não são bonecos tradicionais. Os joelhos, por exemplo, não possuem nenhuma plasticidade, vou adaptando e assim saem os melhores números. Mas eles nascem em meses, sendo que o mais importante é a criação do personagem, aprová-los, e estar satisfeito com a história, um processo lento.

Como você e Inês realizam o trabalho durante os ensaios?
Trabalhamos cada um em frente ao seu próprio espelho e depois olhamos um ao trabalho do outro e nos dirigimos. Em 2000, comecei a trabalhar com a versão Solo dos espetáculos, onde somente os números realizados a quatro mãos ficam impossibilitados de fazer.


Quando você entra em cena, você está só ou os personagens já estão com você?
Os personagens são como seres vivos, como se fossem de carne e osso, porém sou eu mesmo! Certa vez um garoto me perguntou quem tocava a guitarra de um dos personagens, se era eu ou o “joelho” (o personagem). Eu respondi que o “joelho” é quem toca e eu dou a melodia (risos). Eles são como seres vivos, são de sangue, tenho muitos personagens em meu corpo, é o meu próprio teatrinho. Desenvolvo o trabalho com poucos elementos (nariz, olhos, camisas e poucos objetos), mas utilizo sobretudo o meu corpo, sem maquinarias, sem grandes efeitos especiais.


E das histórias especiais durante as turnês?
Nós temos viajado muito e conhecido diferentes grupos por todo o mundo. Fomos a toda Europa, Ásia, Japão, países norte-americanos e muitas cidades brasileiras. Nas Ilhas Bermudas, terminamos um espetáculo após começar um furacão, um vento muito forte que começou a derrubar toda a iluminação. Na Palestina, quando Inês destapou as pernas para dar vida ao personagem com os pés, toda a platéia foi embora da sala por questões culturais que não permitem observar o corpo de outra pessoa em público.

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